PUBLICADO EM 10/05/21

Máscaras populares: do Sesc para a universidade

Uma atividade desenvolvida pelo Polo Sociocultural Sesc Paraty está nas salas de aula virtuais da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), em formato de disciplina eletiva intitulada Fotografia e festas populares.

Apresentada entre os meses de março e abril no canal do Youtube do Sesc Paraty, A presença da máscara nas festas populares brasileiras – um passeio fotográfico com Ratão Diniz, consiste numa sequência de vídeos onde o fotógrafo Ratão Diniz dialoga com representantes de diversas manifestações da cultura popular a partir dos registros feitos nessas celebrações. As conversas têm mediação de Dante Gastaldoni, jornalista, cientista social e professor da ECO (Escola de Comunicação da UFRJ), que foi o responsável por fazer a conexão entre o Sesc e a universidade. 

“O diretor do departamento, Marcelo Serpa, me convidou para oferecer uma disciplina eletiva. Eu sugeri essa proposta que eu vinha trabalhando junto ao Sesc e ele aceitou de pronto”, conta. 

Poucos dias após a divulgação do curso, a primeira turma – com 30 vagas – já estava cheia. O departamento abriu um novo grupo com mais 30 vagas que logo foram preenchidas e outros 16 interessados foram acolhidos como ouvintes, totalizando 76 inscritos.

“Para uma grande maioria deles, há um entusiasmo gigantesco, em boa parte fruto do desconhecimento do tema e em parte pelo talento do Ratão”, avalia Gastaldoni. 

Os vídeos usados como base na disciplina foram produzidos pelo Sesc Paraty e estão disponíveis no canal do polo. A atividade integrou a programação do projeto Maré das Artes, que em 2021 foi realizado online devido às medidas de distanciamento social em decorrência da pandemia da Covid-19. 

De acordo com Antonio Garcia Couto, analista de artes visuais do Sesc Paraty, a programação do Maré das Artes, realizada anualmente entre fevereiro e março, dialoga com as festividades de carnaval. Com a festa cancelada, o objetivo foi oferecer uma ação que se relacionassem com essa manifestação. 

“Em conversa com o Dante, ele me lembrou do trabalho do Ratão Diniz, que está muito calcado nas máscaras populares. (...) A gente acabou construindo juntos a ideia de um ciclo em que o Ratão pudesse contar um pouco sobre esses episódios, sempre convidando festeiros e personagens de cada um dos lugares que foram registrados”, explica o analista. 

As festas e manifestações populares retratadas por Diniz e apresentadas nos vídeos são: Bloco da Lama (Paraty-RJ), Bate-bolas (Rio de Janeiro-RJ), Folia dos Penitentes do Santa Marta (Rio de Janeiro-RJ), Reisado de Caretas de Potengi (Potengi – CE) e A festa do boi de máscara (São Caetano de Odivelas-PA). 

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O fotógrafo das festas e a fotografia popular

Ratão Diniz, autor das imagens que deram origem ao projeto do Sesc Paraty, é fotógrafo formado pela Escola de Fotógrafos Populares e até o ano de 2014 foi integrante da agência Imagens do Povo, fundada na favela da Maré pelo fotodocumentarista João Roberto Ripper. Originário da Maré, vive atualmente em Pitimbu, no litoral sul da Paraíba, e tem se consolidado como um dos mais importantes fotodocumentaristas do Brasil, com um trabalho que transita entre os grafiteiros, as favelas e a cultura popular.

A presença da máscara nas festas populares brasileiras – um passeio fotográfico com Ratão Diniz une as artes visuais e o patrimônio cultural, duas áreas de atuação do Sesc Paraty. Na UFRJ, o trabalho busca ampliar o conhecimento dos alunos acerca dessas manifestações da cultura popular brasileira, pelo enfoque da fotografia popular. Diniz sempre buscou usar suas lentes para retratar pessoas e celebrações desses espaços entendidos como periféricos e, nos últimos anos, intensificou as pesquisas sobre as máscaras. 

“Nos últimos quatro anos, comecei a estender a minha percepção para esses mascarados das festas populares. Receber esse convite do Sesc foi incrível e poder levar isso para a universidade, através do Dante, levando a fotografia popular para esse ambiente, para mim é uma satisfação muito grande”, celebra o fotógrafo.